sábado, 5 de junho de 2010

George Harrison

George Harrison nasceu em Liverpool, Inglaterra, em 25 de fevereiro de 1943. Ele ganhou atenção mundial inicialmente com os Beatles, e não é à toa que suas contribuições para muitas das melhores músicas da banda não sejam imediatamente aparentes a ouvintes casuais. Como guitarrista, Harrison era um músico de consumado bom gosto e sutileza, e via seu papel como o de executar a música da forma mais possivelmente generosa e orgânica. Entre os renomados guitarristas de rock dos anos 60, ele era de longe o menos dado a exibição pirotécnica. Estava também entre os mais criativos e originais.




Harrison era o integrante mais jovem dos Beatles e, parcialmente devido a isso, no princípio ocorreu naturalmente a ele definir seu papel no cenário musical. Este papel de apoio combinou com sua personalidade de algumas maneiras. A idéia de Harrison como o ¿Quiet Beatle¿ (Beatle quieto) tem algo de clichê ¿ ele estava tão preparado quanto os outros integrantes com um certo sarcasmo nas remotas e agora lendárias reuniões da banda com a imprensa. Mas ele era menos inclinado que os outros a atrair atenção para ele próprio. Anos mais tarde Harrison daria o nome Dark Horse (cavalo negro) a um de seus álbuns e ao selo musical que fundou. Era uma imagem com a qual se identificava. Um cavalo negro, ele disse, é ¿aquele que de repente passa à frente dos outros e acelera para realmente ganhar a corrida¿ Este sou eu, diria¿. Como Paul Simon comentaria pouco depois da morte do músico, ¿Ele não era particularmente quieto. Apenas não sentia necessidade de ser ouvido.¿



Mas não importa o quanto Harrison recuava dos holofotes de celebridade, seu talento estava evidente a qualquer pessoa que entendia como músicas realmente funcionavam, aqueles que sabiam o que as pessoas de fato ouviam quando tudo o que conseguiam dizer era o quanto tinham gostado da música. Se as canções dos Beatles ainda soam novas hoje, Harrison é uma grande razão do porquê. ¿Não posso dizer muito sobre o jeito que George tocava¿, diz John Fogerty. ¿Para muitas pessoas, seria suficiente apenas dizer que ele era o principal guitarrista de uma ótima banda, e guitarra certamente era a voz do rock & roll durante aquele tempo. Mas ele era tão versátil enquanto guitarrista, quase como um camaleão. ¿Quando os Beatles queriam ir para qualquer direção, sua guitarra nunca estava de fora deste lugar¿, ele continua. ¿Ao fazerem rockabilly como ¿Honey Don¿t¿ ou ¿Act Naturally¿, ele estava lá. E quando fizeram algo mais funky como ¿You Can¿t Do That¿, que é um dos meus trechos prediletos de guitarra, ele podia fazer seu queixo cair. Ele te motivava a querer aprender uma música apenas para que pudesse tocar o trecho de guitarra. Havia uma maravilhosa surpresa de guitarra em todas as canções.¿



Mas tais contribuições, desnecessário dizer, foram apenas o início do impacto de Harrison tanto no mundo musical quanto no mundo além maior. O uso da sitar em canções como ¿Norwegian Wood,¿ ¿Love You To¿ e ¿Within You, Without You¿ e sua criativa amizade com o mestre deste instrumento, Ravi Shankar, ajudaram a revolucionar a música popular nos anos 60. Além disso, seu interesse em espiritualidade oriental teve efeitos que continuam a ser sentidos hoje no ocidente. E, ao passo que sua confiança crescia, Harrison passou a ter um papel significantemente maior enquanto compositor e cantor nos Beatles. ¿Tax Man¿, ¿If I Needed Someone¿, ¿While My Guitar Gently Weeps¿, ¿Something¿ e ¿Here Comes the Sun¿ são apenas algumas das jóias que ele levou para o extraordinário catálogo de músicas da banda.



Quando os Beatles começaram a se separar no final dos anos 60, Harrison parecia crescer cada vez mais determinado a criar sua própria música, de sua própria maneira. Enquanto o produtor Phil Spector trabalhava para montar o álbum Let It Be a partir das centenas de horas de gravação que os Beatles haviam essencialmente abandonado, Harrison disse a ele que tinha uma reserva de ¿próximo de cem¿ músicas para o álbum solo no qual queria sua ajuda. O resultado foi All Things Must Pass (1970), que ainda hoje está entre o melhor trabalho que qualquer um dos Beatles produziu como artista solo. No decorrer de três LPs vinil e músicas como ¿My Sweet Lord¿, ¿Beware of Darkness¿, ¿Isn¿t It a Pity¿ e a faixa-título, Harrison emergiu completamente dos limites do grupo para revelar seu talento como compositor, produtor e músico.



No ano seguinte, Harrison exerceria sua força na indústria musical ao se apresentar no ¿The Concert for Bangla Desh,¿ um ato de caridade para oferecer alívio humanitário para uma nação que havia sido devastada por um desastre natural. Inspirado pelo apelo de Ravi Shankar para ajudar de alguma forma, Harrison participou do primeiro show de grande escala relacionado a uma causa deste tipo, um evento que providenciou o paradigma para qualquer esforço similar que veio nas três décadas seguintes. Bob Dylan, Eric Clapton e Ringo Starr estavam entre os muitos artistas que dividiram o palco com Harrison para os dois shows na cidade de Nova York em 1º de agosto de 1971.



Depois disso, Harrison retomou o que, pelo menos olhando de fora, parecia a convencional carreira de gravação de um artista solo high-profile. Na década seguinte, ele lançou um álbum todo ano ou de dois em dois e obteve hits Top 20 com ¿Give Me Love (Give Me Peace on Earth)¿, ¿Dark Horse¿, ¿You¿, ¿Crackerbox Palace¿, ¿Blow Away¿ e ¿All Those Years Ago¿, que escreveu em memória a Lennon depois de seu assassinato em 1980. Ainda assim, enquanto os anos se passavam, Harrison tornava-se cada vez mais alienado do cenário musical. Quando estava prestes a iniciar uma turnê pelos EUA em 1974, disse a um entrevistador: ¿Ou eu termino a turnê em êxtase ou voltarei a minha caverna para outros cinco anos¿.



Ele fez a última turnê em 1991 no Japão e, apesar das apresentações planejadas não se realizarem, Harrison não abrigou-se em uma caverna. Em 1978 ele cofundou a HandMade Films a fim de financiar "A Vida de Brian", do Monty Python, depois que a sátira religiosa do filme afugentou seus patrocinadores originais. Apesar de HandMade ter terminado pior que começou, por um tempo a empresa sacudiu o cenário cinematográfico britânico, fixando um padrão de inteligência e qualidade. Sua duração de 16 anos gerou trabalhos excelentes como "Time Bandits", "Mona Lisa", "The Lonely Passion of Judith Hearne" e "Withnail and I".



No final dos anos 80, no entanto, Harrison estava de volta fazendo música de forma grandiosa. Seu disco de 1987, Cloud Nine, co-produzido por Jeff Lynne, levou o artista de volta ao topo das paradas, um crescimento que ele viu com considerável prazer. Sua noção de divertimento se reacendeu e ele e Lynne então formaram os Traveling Wilburys com Bob Dylan, Tom Petty e Roy Orbison.



Depois que os Wilburys percorreram seu caminho, porém, Harrison escondeu-se do olhar do público mais uma vez. Infelizmente, esta sina do tempo lhe negaria a oportunidade de emergir quando quisesse. Ele passou a primeira metade dos anos 90 compondo e fazendo jardinagem, e como sempre satisfazendo sua paixão por corridas de Fórmula Um, tocando o ukulele e aproveitando as horas que podia dividir com a esposa Olivia e o filho Dhani. A casa da família oferecia exatamente o tipo de ambiente que ele precisava para tocar com imaginação e restauradora beleza. O interesse pelos Beatles surgiu também nos anos 90 e, ambivalente como sempre foi sobre as experiências com a banda, Harrison participou inteiramente em todos os aspectos do imensamente bem-sucedido projeto Anthology.



Mas pouco tempo depois que Harrison começou os trabalho que eventualmente tornariam-se o Brainwashed, veio a doença. Ele foi diagnosticado com câncer em 1997. E como se isso já não fosse difícil o suficiente, Harrison quase foi assassinado em 1999 quando um intruso invadiu sua casa e o esfaqueou repetidamente. Nestes difíceis tempos, Harrison sempre teve sua família, seus amigos e sua música. Com a ajuda de Dhani, ele nunca parou de trabalhar em suas novas canções. E havia também a amparadora força de sua convicção de que este mundo não é o fim da jornada espiritual de ninguém. Falando de John Lennon depois de sua morte, Harrison certa vez disse: ¿Nós conseguimos ver através de nossos corpos físicos, você sabe?¿Quero dizer que no fundo este é o objetivo: perceber o lado espiritual. Se você não consegue sentir o espírito de um amigo que esteve tão próximo, então que chances você tem de sentir o espírito de Cristo ou Buda ou de outra pessoa que te interesse? ¿Se sua memória funcionar bem, vamos nos encontrar de novo.¿ Acredito nisto.¿



Esta crença denuncia a vida e música de Harrison, incluindo o novo álbum que acaba de chegar. Ele gostaria que todos sentissem por ele exatamente o que ele sentia pelo velho amigo ¿ que, eventualmente, nos encontraremos novamente. Neste mundo, no entanto, o espírito de Harrison reside nas músicas que deixou para trás, e qualquer pessoa que queira estar com ele pode sempre encontrá-lo nelas.

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